terça-feira, abril 20

macho e fêmea, by Luiz Carlos Prates


Há quem diga, ironicamente, que quem inventou a frase “Os grandes perfumes estão nos menores frascos” foi um baixinho. Do mesmo modo que quem inventou que a beleza mais bela é a de dentro foi um feio ou uma feia. Podem dizer o que disserem, mas que essas frases têm sentido, isso têm.

Quem gosta de perfumes — e eu gosto, já experimentei quase todos — sabe que quando o frasco é deste tamanhão, humm, não pode ser coisa boa. E se for barato, bom, aí é que, de fato, não presta.

Quanto à beleza, não me sobra dúvida, a grande beleza é mesmo a de dentro. E venho ao assunto, leitora, porque acabei de assistir a um programa na Rede Vida onde pessoas falavam de relacionamentos. Relacionamentos de todo tipo.

Antes de contar do que, precipuamente, me traz a esta conversa, devo recordar, e só de passagem, que dependemos, vitalmente, de nossos amigos. Sem amigos a vida é um gramado sem grama… E serão, por acaso, nossos amigos Apolos e Afrodites da beleza? Garantidamente, não. Não escolhemos nossos amigos pela beleza, não pela beleza de fora. Escolhemos pela beleza de dentro. Será que alguém contesta?

Mas como disse, assistia a um programa na Rede Vida quando ouvi uma mulher dizer que os casamentos dependem, vitalmente, da amizade entre marido e mulher. Bah, vivo dizendo isso nas minhas palestras. Digo mais, digo que o casamento depende, basicamente, da conversação, da conversa entre marido e mulher. Quando não há conversa entre ambos, babaus, acabou. Eu disse conversa…

E a senhora, essa que falava na televisão, dizia que o casamento deve ser uma especial amizade entre marido e mulher, amizade. Ela enfatizava que o sexo dura pouco, vale pouco e para nada serve depois de um certo tempinho. A coisa passa a ser um mero “compromisso”, um ritual, já que todos fazem, façamos. — Façamos, amor! A entonação aqui é importante…

É exatamente por falta de assunto, vale dizer encantamentos recíprocos, que os casamentos de hoje duram essa eternidade do nada, meses. Talvez alguns poucos anos, maior parte deles um silencioso desespero.

Em resumo, o melhor casamento é com uma “amiga”, um “amigo”, e não com um baita macho ou uma baita fêmea. Isso é para os vazios. O verdadeiro baita macho é um cara sensível, tem assunto, vale a pena. E assim a baita fêmea. Ah, tão raros, tão raros.